invadiu-me o teu nome,
perfurou-me, assim, a medo.
enquanto a alma se consome,
ele lá se esconde (é segredo).
para quem chegou espontâneo,
sem ter sido convidado,
tornou-se, assim, coetâneo
do meu coração destronado
que ousou clamar pela brisa -
essa bela brisa de verão,
que me pegou pela mão
e sussurrou esse nome... elisa?
cravaram-me a tua face
com a ponta de uma navalha,
a cicatriz quente arrefece
e a velha memória já falha.
percorro o mundo e anseio
um pouco de ti para consertar:
um ténue vislumbre, eu receio,
ser suficiente para me apaziguar.
és musa e poetisa,
escreves-me melhor que ninguém
com esse nome que me fez refém,
esse teu nome... elisa!
um dia, terei coragem,
serei homem novo e grosseiro,
pegar-te-ei na outra margem
e carregar-te-ei o tempo inteiro.
a tua postura é angelical
e esse passear ao som de piano
obriga o tempo a correr mal -
tropeça, está insano!
é pura magia, o que realiza
esse teu bem mais precioso,
esse belo nome pecaminoso -
esse teu nome... elisa.
sentimento novo e incerto:
não sei como hei-de conter
esta vontade de te ter perto,
esta ansiedade de te rever.
são os teus cabelos em onda
a chamar-me, como por sinais -
não sei se me esconda
ou me renda às forças banais.
quando eu te falar: improvisa!
perguntar-te-ei o nome com emaranho,
como se me fosse algo estranho,
esse nome que ecoa... elisa!
vou ultrapassar os versos,
quiçá - não hoje, tenho sono.
um dia, vou ter remorsos
quando sentir o abandono.
não é fácil sair daqui
e ir de encontro à miragem,
com a sensação que perdi
sem passar pela triagem.
uma nódoa negra na camisa,
eu provoco para angariar
uma só desculpa e evitar
esse amado nome: elisa.