sigo por sombras, com o medo atrás,
olho para trás e vejo sombras.
quero e não quero,
sei e não sei,
alguém me leve para longe daqui
e lá de longe, bem de longe,
me traga de novo aqui.
é um caminho tão certo quanto incerto,
sigo correcto ou nem lá perto.
acelerado e parado,
a fugir e a ficar,
a sombra pede-me para ficar
e o sol seduz-me à liberdade
que me implanta a vontade de ficar.
escuto vozes, ora doces, ora tenebrosas,
uma só a duas vozes.
encantam-me e espantam-me,
são amigos e inimigos,
planeiam a neutralidade sobre mim
e o meu peito desmilitarizado
desobedece à vontade em mim.
declaro guerra pela hora da alvorada,
hasteio o branco ao crepúsculo.
ganhar e perder,
morrer e viver,
digam-me o quanto me engano
e tudo o que vem é silêncio,
porque tudo é igual e um engano.