não sei quem te escreve as linhas
que repetes de cor,
como se as soubesses de coração.
são palavras, por vezes minhas,
carregadas da dor
de não sentir qualquer emoção.
são poesias demasiado vãs e vazias,
passo o pleonasmo,
que debitas como uma receita.
de todas as palavras que dizias,
com tanto entusiasmo,
não havia uma única perfeita.
quem foi que te enganou primeiro,
tocou-te no profundo
e manchou-te toda a alma?
permite-me ser o teu um de janeiro,
num novo mundo,
onde só persiste a calma.
não sei quem te deixou assim,
neste perpétuo abandono,
onde já não vigora a lei
que um dia olhou, sem fim,
o seio do teu sono
onde, para sempre, estarei.