quarta-feira, 17 de junho de 2015

Celeste (II)

nas noites de tormento e de trovão,
ainda oiço palpitar fortemente
os ecos desse coração latente
que se perdeu nas margens de plutão.

nem lá fora, o silêncio c'os seus uivos
consegue, em mim, causar maior terror
que aquele me fez, em tempos, o amor,
quando me perdi em teus cabelos ruivos.

vozes que vêm do porão são loucas,
as memórias que me restam tão poucas —
ínfimas como os beijos que me deste.

já só resto eu e o teu candelabro
neste momento sóbrio e macabro
em que lembro desse nome — Celeste!