quarta-feira, 17 de junho de 2015

Celeste (III)

haverá quem, p'la voz da ditadura
ouse ditar-me fim ao sofrimento,
que tanto necessito e não lamento,
que se sente mais forte que a brandura?

no silêncio, os murmúrios do além,
em mim, a sombra fazem descender,
c'o lumiar que se parece estender
da vela que tanto arde por ninguém.

na quase escuridão só sobro eu
e tudo resto contigo morreu,
todo o bem, todo o mal que me fizeste...

nem o negro firmamento é tão frio,
o vácuo consegue ser mais vazio
que o lugar desse teu nome — Celeste!