considero este mundo um lugar horrível e miserável, inferno que não desejo ao meu pior inimigo. todas as pessoas, sem uma única excepção, são más. ou, talvez, apenas eu serei o verdadeiro malvado. acontece que eu tenho a certeza absoluta em que estou correcto, toda essa gente é hedionda. ou, então, se calhar sou só eu. serei tão abominável quanto acredito serem os demais? pensando bem, eu sou somente um. não é, de todo, impossível que a restante humanidade seja a cara fria desta ambígua dualidade. bom, mas é, certamente, mais provável ser eu a escória ambulante. tal conclusão, ainda que pertinente e bem fundamentada, causa-me imenso transtorno. não sou perfeito, tão pouco o desejo. é, portanto, aceitável errar. conto com essa falha para me salvar. a imperfeição é a minha esperança, neste dilema. a fraqueza torna-se a minha última fortaleza. esforcei-me tanto para ser bom, humilde e suportável. quis ainda ser gentil. sempre evitei importunar os malditos, a menos que explicitamente necessário. mas é plausível, se a disposição assim me convier abrir um pouco mais os olhos, que eu é que carrego a amargura para o ambiente circundante. nesta dúvida implacável, vou-me embora.