sábado, 23 de abril de 2011

amor = mentir

sabes o que é o amor? aposto que falas disso pelos cotovelos e conheces unicamente o significado que os teus pais te ensinaram, dos contos de fadas ou do dicionário para os mais infortunados. eu sei o que é, descobri-o sozinho tal como tu um dia irás. foi com muito suor, lágrimas, sofrimento, arrependimento, enfim, erros banais. espero que estas minhas palavras te ajudem a evitar alguns dos obstáculos que me deitaram por terra. a verdade sobre o amor é que simplesmente o é. não se pode descrever, desenhar, fotografar ou sequer imaginar. pode-se sonhar, mas essa memória evapora-se com o sol da manhã. vou relatar-te a minha experiência, espero que faças das minhas frases um guia para levantares os pés do chão. amor é repetir o jantar, raspar do tacho e suspirar pela ínfima quantidade que era quando ela cozinhou aquela coisa indescritível, intragável e com cores alucinogénicas que nunca antes vimos. amor é ceder o casaco numa noite gélida e responder "não sinto frio algum" enquanto se afoga no pensamento "eu disse-te para trazeres casaco, que ninguém se importa que não combine com o resto da roupa". amor é defender a sua tese durante qualquer debate com terceiros, ainda que seja o maior atentado intelectual ou cultural. amor é perder propositadamente a partida durante um jogo, só para beber daquele sorriso malicioso, vitorioso, de superioridade e apaixonante que ela tem. amor é assistir a uma comédia romântica e, discretamente, fantasiar por um filme do david lynch só para poder ter duas horas com aquele majestoso ser perdido nestes braços. amor é muito menos do que um conto de fadas, mas imensamente mais que uma definição no dicionário. amor mundano e humano é, na verdade, mentir. de tão bom que é tal engano, doce o seu sabor, alguém leva a mal?