segunda-feira, 4 de abril de 2011

desabafo ao domingo

chegar a casa da pândega de sábado à noite, trocar a ganga da rua pelo algodão da cama, escrever uma palavra e meia, começar por ver um filme no sofá. a meio, sente-se o pesado toque da noite sobre as pálpebras e não dá para resistir, é o chamar para dormir. acordar directo para a mesa de almoço, onde se serve uma comida tipicamente alentejana. o dia vai a metade e eu já não o aguento mais, odeio domingos. uma fatia de abacaxi, gomos de laranja e um café acompanhado de um quadrado de chocolate preto. pensou em sair de casa, mas acobardou-se. não despiu o algodão da noite, lavou os dentes e trincou um chiclete de mentol. o plano é uma matinée de longas metragens até, finalmente, o dia terminar. que jamais alguém ouse intrometer-se naquele que é o meu dia consagrado. hoje não existe trabalho ou preocupações, não vivo para ninguém, tão pouco estou para amar seja quem for. peço perdão, mas os domingos são meus para detestar e pretendo fazê-lo com toda a arte e engenho.