por vezes perco-me na ideia de ser outro homem,
alguém diferente, certamente virtuoso, bom.
oiço-me discursar palavras que nunca foram minhas,
vejo-me actuar encenações que não me pertencem.
os demais perdem-se na realidade desta concha,
onde o interior se afunda mais por cada dia.
quando esta ilusão se apoderar da minha lucidez,
quando o mundo se esquecer do homem que fui,
quem restará para dizer que este não sou eu?