é a força das marés,
os números de um a dez,
o vento do oriente
e um café bem quente.
é andar em bicos dos pés,
roubar risos de bebés,
um guarda-chuva no verão
e as chaves na palma da mão.
é ficar a ouvir cantar,
saltar e começar a voar,
uma fogueira no chão
e palavras ao coração.
é uma miragem distante,
doce melodia palpitante,
o gelado a derreter
e ainda tanto por fazer.
é um pequeno poema,
outro efémero dilema,
o brilho da alvorada
e uma conversa demorada.
é fitar de mau o céu,
sentar na cadeira do réu,
o pássaro abre a asa
e eu chego finalmente a casa.
é acariciar o cabelo louro,
encontrar um tesouro,
contar uma história
e guardar na memória.
é chamar por um nome,
comer sem fome,
esperar pelo momento
e matar o tormento.
é tocar o veludo,
experimentar de tudo,
viajar sem rumo
e desvanecer em fumo.
é sussurrar ao ouvido,
um presente escondido,
espreitar por um furo
e ter medo do escuro.
é um lápis incolor,
um grito sem terror,
o sorriso de alegria
e a carteira vazia.
é uma lembrança encravada,
a roupa de cama lavada,
personagens do passado
e o peito atravessado.
é uma lágrima latente,
um coração resiliente,
correr sem destino
e sonhar pequenino.