sexta-feira, 27 de maio de 2011

é

é a força das marés,
os números de um a dez,
o vento do oriente
e um café bem quente.

é andar em bicos dos pés,
roubar risos de bebés,
um guarda-chuva no verão
e as chaves na palma da mão.

é ficar a ouvir cantar,
saltar e começar a voar,
uma fogueira no chão
e palavras ao coração.

é uma miragem distante,
doce melodia palpitante,
o gelado a derreter
e ainda tanto por fazer.

é um pequeno poema,
outro efémero dilema,
o brilho da alvorada
e uma conversa demorada.

é fitar de mau o céu,
sentar na cadeira do réu,
o pássaro abre a asa
e eu chego finalmente a casa.

é acariciar o cabelo louro,
encontrar um tesouro,
contar uma história
e guardar na memória.

é chamar por um nome,
comer sem fome,
esperar pelo momento
e matar o tormento.

é tocar o veludo,
experimentar de tudo,
viajar sem rumo
e desvanecer em fumo.

é sussurrar ao ouvido,
um presente escondido,
espreitar por um furo
e ter medo do escuro.

é um lápis incolor,
um grito sem terror,
o sorriso de alegria
e a carteira vazia.

é uma lembrança encravada,
a roupa de cama lavada,
personagens do passado
e o peito atravessado.

é uma lágrima latente,
um coração resiliente,
correr sem destino
e sonhar pequenino.