domingo, 1 de maio de 2011

o olá foi embora sem deixar adeus

penso que não me engano se afirmar que todos temos pessoas conhecidas que cumprimentamos sempre que passamos próximo o suficiente um do outro, na rua, no café ou com outros amigos. não temos confiança suficiente para uma conversa aprofundada, quando muito um "como tens passado?" e pouco mais. já nem nos lembra como tudo começou, apenas se tornou um hábito, talvez mesmo uma obrigação, sempre que virmos aquela pessoa há que disparar um "olá" ainda que a medo, entre os dentes. chega uma altura em que perde todo o sentido, toda a razão de ser. nessa altura já nem a graça da timidez resiste e questiona-se a acção. começa-se a ter medo de encontrar a tal pessoa, a interrogar-se como reagir "devo dizer algo?" e simplesmente torna-se estranho. de facto, podia ter sido engraçado no início mas agora é puramente constrangedor. mas vá, a pouco e pouco lá vem o sorriso forçado até ao dia em que falha. parou uma vez, parou para sempre. o "olá" foi-se embora sem deixar rasto, um bilhete ou um último adeus.