como se conhece alguém, hoje em dia?
como se encontra outra pessoa?
como se faz para sair da solidão?
como se procura outra mão?
como se descobre seja quem for?
como se acha o amor?
eu já não sei. muito provavelmente, nunca o soube.
quando eu te vejo pela primeira vez,
sim, és bonita e eu reparo em ti.
e depois? tu nem me viste.
eu esqueço-me que estavas ali,
a vida continua.
até ao dia em que te contemplo de novo,
sim, continuas bonita e eu ainda reparo em ti.
e agora? desta não me sais da cabeça,
fico a sonhar contigo.
mas como pode este homem agir,
a quem tem de recorrer? eu não sei.
talvez seja esse o problema.
devo seguir-te?
que irás tu pensar?
que sou um terrorista do amor,
perdi-te de vez.
desperdicei tudo atrás de um sonho,
esse eras tu.
mas devo cruzar os braços, virar as costas?
se eu não te apanhar, vais tu correr para mim?
devo arrepender-me,
se por qualquer caminho que eu rume,
a minha casa não és tu?
detesto apaixonar-me,
detesto que existas,
detesto o amor,
detesto quem se apaixona,
detesto quem encontrou alguém
porque eu só tenho ninguém.
detesto ficar a sonhar,
detesto imaginar o que seria,
detesto o desejo de te ver,
detesto que te rias sem mim,
detesto ganhar coragem
para nunca te conseguir falar.
são aquelas noites em que me visto bem,
em que me vais sorrir e eu vou perceber-te.
na minha mente vais reparar quando eu passar,
comentar com a tua gente o gosto e o agrado.
este lobo solitário que uiva à roda pálida,
segue sem rumo no seu estilo abandonado.
e tu, que apenas consegues tentar evitar
a necessidade carnal de domar a fera,
levantaste (pode ser que seja desta)
que eu... eu cá fico à tua espera.