eras tu donzela,
nos teus olhos brilho de estrela.
eras tu paixão,
a ti obrigava o coração.
mulher imaculada,
não te cobicei nem assim,
que sem seres amada
te guardaste enfim.
querido verdadeiro amor,
amor que eu nunca amei,
'leve o tempo que for',
cantavas, 'para sempre esperarei'.
não mereces tal órgão criatura,
está usado, podre de dor e casca dura.
anjo do céu que
jamais revelaste esse véu,
corre por favor, foge,
leva daqui esse mel
e faz com que seja hoje,
que o mundo deixe de ser cruel.
ofereço-te em felicidade,
esta que não te pude dar,
um beijo de simplicidade
daquele que não te soube amar.
hoje ardo na penumbra do inferno,
nas labaredas do próprio belzebu
e aquele beijo terno,
o mais saboroso eras tu.
perco-me em ilusões de ti
mas em verdade não te desejo,
convence-te então que fugi
ou que aqui me esquartejo.
se faltar e esquecer
o ósculo que dizes merecer,
sem as amarras digo: amo-te!
não com o coração que tive,
mas com a vontade que sempre sonhei.