terça-feira, 22 de junho de 2010

verdadeiro amor

hoje tive uma epifania sobre o verdadeiro amor,
não foi tão dramática como a eureka de arquimedes
quando se apercebeu que o volume de qualquer corpo
pode ser calculado pela massa de água deslocada,
não, foi mais subtil, mas igualmente importante!
subitamente, como que naquele instante em que inspirei,
apercebi-me na facilidade do amor, o qual, na verdade,
nem requer ciência ou arte. só um pouco disto e daquilo.
é tão fácil de amar alguém que responde em tom igual,
já nem se pensa nisso. um ser tão simples,
o pequeno bebé já ama a sua mamã, que o ama de coração.
sim, é tão fácil que, será verdadeiramente amar?
tanto amou bocage,
custou-lhe a decência.
tanto amou marco antónio,
custou-lhe roma.
tanto amou camões,
custou-lhe um olho.
tanto amou d. pedro,
custou-lhe inês.
tanto amou romeu,
custou-lhe a vida.
só quem sente a impossibilidade a arder na pele pode alegar
conhecer o verdadeiro amor. aquele amor que em nós é carnal,
mas não passa de ilusão platónica neste mundo real.
amar intrinsecamente alguém acontece quando não ama de volta,
e continuar a amar, indefinidamente, desgraçadamente, sem nada
pedir, exigir, sequer sonhar em retorno.
sim, é esse o verdadeiro amor, altruísta e puro,
que nada requer além da vontade de existir.
como quem diz com um sorriso ao de leve e uma lágrima
'por favor, existe, para que eu te possa amar,
por favor, deixa-me ver-te uma vez por outra,
um instante e nem pensar parar.
por favor, respira, vive, salta, deixa-me ouvir-te cantar
nem que de longe, preciso sentir-te em algum lugar.
por favor, deixa-me, deixa-me só ficar aqui a amar.'