quinta-feira, 3 de junho de 2010

a minha estrela

estrela,
és tu quem me chama?
quando as luzes se apagam sobre mim,
o pescoço arqueia sem fim,
vislumbro o firmamento.
és tu, quem me ama.

estrela,
o nosso amor é demais pungente.
a passagem do tempo é fria,
sem saudade, latente.
o nosso amor platónico,
mais penetrante que o dessa gente.

estrela do norte ou estrela do sul,
cintilas tão forte no teu vestido azul,
esperas sem sorte em silêncio berrante,
gloriosa morte e foi tudo um instante,
um instante neste universo elefante.

estrela,
esta mágoa jamais alguém entenderá,
a partida, a saudade ou o desejo carnal,
a vontade de possuir ou eu sei lá.
contamos pelos dedos em conjunto:
um, dois, três - a sentença é final.

estrela,
tu que sempre exististe por esse lugar,
a amar infernalmente nesse ténue luar,
aguardaste eternamente a imagem aqui
daquele que mais desejavas ter por aí,
o espaço e o tempo são irmãos de armas.

estrela minha, todo eu sou teu
mais tudo o que tenha ou considere meu.
pureza sempiterna que guardaste para mim,
na tua caixa de brinquedos, és inocente assim.
que não te prives mais gostava eu de dizer,
pelas noites adiante não saberia o que fazer.

estrela,
o olá que sabe a adeus.
quando também eu partir,
para outro lugar e a sorrir,
são os beijos, nunca teus.
o amor é sempre nosso,
num abraço e remorso.

tu,
que sempre esperaste,
que agora me tens,
mais uma vez me perdes.
dor decadente.
eu,
que efémera vida tenho,
sempre te tive,
efervescente.
um desenho.

estrela,
vou partir,
deste lugar saltar e fugir,
sem réstia de vontade.
a tua sina é continuar a fingir
que amor eterno é,
para quem importe,
uma cintilante verdade.