domingo, 6 de março de 2011

perguntas sem resposta

nunca te aconteceu andares com uma pergunta, uma dúvida presa na cabeça, a balancear de um lado para o outro, confundindo-te e levando-te à loucura? passas as noites de olhos vidrados no tecto a escutar se o vento dá sinais de existência, pensas nas palavras que vais usar e corriges. calculas muito atenciosa e cuidadosamente o exacto momento para abordar o assunto. meticulosamente testas cada ínfimo detalhe da solução encontrada, repetindo-a num ciclo vicioso interminável que aumenta de intensidade assombrosamente. está tudo perfeito e esperas pelo sinal, mas ele nunca vem - se alguma vez tiveste coragem, já era. o problema é que, depois de tudo, já nada te salva, não há como voltar atrás e fingir que é tudo mentira. foste parar a um beco sem saída, um buraco amaldiçoado, perdido e esquecido no tempo onde os desgraçados vão cair mortos. sair de lá? tudo bem, faz a pergunta! livra-te da dúvida insolente que te atormenta constantemente. num movimento brusco das palavras, a fúria é libertada e sentes-te alguém novo - finalmente em paz. agora foges da resposta, temes a besta que sairá de lá. tens o coração partido, mas já os estilhaços abandonaram a dança em turbilhão para encontrar repouso no teu leito de delírios.